Com o início da divulgação do novo álbum da banda "Death by Rock and Roll", Taylor Momsen deu a primeira entrevista, onde fala detalhadamente como lidou com a morte de Chris Cornell e do amigo e produto Kato Khandwala, além de outros assuntos como o novo álbum e turnê. Confira:
"Se eu vou ser famosa, eu quero ser famosa pela música que eu faço" - Taylor Momsen, The Pretty Reckless.
Taylor Momsen quase desistiu após a morte de seus heróis, mas agora The Pretty Reckless está de volta com um novo objetivo.
Na noite de 17 de maio de 2017, Taylor Momsen fez seu trabalho como de costume. Se apresentando no palco do Fox Theatre, em Detroit, a cantora de 23 anos, com a The Pretty Reckless cantou nove músicas para uma platéia de mais de 5.000 pessoas como convidados especiais para os headliners da noite, Soundgarden. Na manhã seguinte, ela acordou com a notícia de que Chris Cornell, o cantor do grupo de Seattle, havia sido encontrado morto no banheiro de seu quarto de hotel no MGM Grand, em Motor City. Mais tarde, ele foi declarado morto por suicídio.
"Fazer a turnê com o Soundgarden foi um dos momentos mais emocionantes que todos estávamos vivendo", diz Taylor. “Foi uma conquista para nós poder assisti-los todas as noites, e estar nessa turnê foi tão emocionante. Foi o ponto mais alto dos máximos - não poderíamos ficar mais felizes, nem ir mais alto."
É difícil exagerar sobre até que ponto o grupo de Seattle teve impacto na vida de Taylor Momsen. Para ela, apenas os Beatles estabeleceram padrões mais altos. Ao falar de sua casa em uma ilha na costa do Maine, a cantora, pensativa e faladora, se recusa a divulgar seus encontros com o Soundgarden em uma turnê que durou 13 datas. Mas basta dizer que a morte do vocalista a atingiu com força.
"A palavra certa a se dizer é que eu caí”, diz ela. “Isso me esmagou. Cancelamos todas as turnês. Eu não estava em um momento para ser pública porque realmente me devastou, como acho que aconteceu com muitas pessoas. Todo mundo que conhecia ele foi esmagado. Cancelei tudo e disse: 'Não posso fazer isso agora, preciso de tempo. Não posso sair todas as noites e entreter uma platéia e fingir que estou super feliz e bem. Eu não estava bem. Então eu parei. Saímos da turnê e voltamos para casa para tentar processar o que havia acontecido.”
Quando The Pretty Reckless nasceu, em 2009, foi o amor pelo Soundgarden que reuniu seus membros principais. Fundada por Taylor, o guitarrista Ben Phillips e o produtor Kato Khandwala - o trio que escreveu as músicas do álbum de estréia do grupo, Light Me Up, de 2010 - Álbuns como "Badmotorfinger" e "Superunknown" fizeram com que esses três estranhos quase perfeitos se sentissem como se fossem melhores amigos.
Kato, da The Pretty Reckless, ficou tão empolgado com uma turnê com o Soundgarden que voou para acompanhar todas as datas da primavera. Menos de um ano depois, em 25 de abril de 2018, Taylor estava sentada em seu sofá no Maine quando recebeu uma ligação informando que seu amigo e produtor de 47 anos havia sido morto em um acidente de moto em Los Angeles. Hoje, a cantora descreve receber essas notícias como "um prego no meu caixão".
Ela diz que “Me levou ao que só posso descrever como um espiral decrescente extraordinariamente sombrio. Eu estava em um buraco do qual não sabia sair, ou se ia sair; além do mais, eu não tinha ideia de por onde começar a tentar. Foi um momento assustador, porque eu não me importava mais. Eu desisti de tudo. Eu pensei: ‘O que eu vou fazer? Meu parceiro musical está morto. Meu ídolo musical está morto. Não ligo, qual é o sentido disso?' Então desisti". Só que ela não desistiu de verdade. “Levou tempo”, ela diz, “e parece clichê, mas foi a música que me trouxe de volta à vida. Eu não pude fazer nada. Eu não podia funcionar, não podia sair de casa, não podia falar com ninguém - eu estava uma bagunça. E então a única coisa que eu pude recorrer foi a música e isso acabou me levando a escrever como estava me sentindo. Era como voltar à infância e escrever outro diário que era meu melhor amigo, a única pessoa com quem eu podia conversar. E se transformou neste disco, que essencialmente considero um renascimento.”
O disco a que Taylor se refere é o quarto álbum recém-terminado da The Pretty Reckless, Death By Rock And Roll, que estava previsto para ser lançado em breve, até que o mundo prendeu a respiração diante do você sabe o que. Em vez de um álbum inteiro, os fãs podem pelo menos se confortar com o lançamento do primeiro single da banda em três anos. Lançada hoje, a impressionante faixa-título do álbum apresenta uma introdução ao som que vai dar continuidade aos passos de Kato Khandwala.
"Passamos mais de um ano gravando o álbum", diz Taylor. "E está tudo lá. Não havia como se esconder. Demorou tudo o que tínhamos para gravar este disco. De fato, parecia que estávamos fazendo o primeiro álbum novamente. Foi o que tivemos com o Light Me Up, lançamos tudo o que tínhamos naquele álbum também. E fizemos isso novamente desta vez."
Taylor Momsen está acostumada a fazer música em circunstâncias difíceis. Quando a The Pretty Reckless se juntou para gravar Light Me Up - que celebra seu décimo aniversário nesse verão - a então cantora de 15 anos era conhecida por interpretar o papel de Jenny Humphrey na sa série de TV Gossip Girl. Durante o dia, ela gravava suas cenas em New York, e à noite retirava-se para o estúdio House of Loud em Elmwood Park e Water Music, em Hoboken, Nova Jersey, para gravar músicas em seu turno vampiresco. Se ela dormisse três horas enquanto o sol dava bom dia ao Garden State, ela tinha sorte.
O álbum foi reconhecido de primeira quando foi lançado, mas a cantora enfrentou todos os problemas previsíveis de uma mulher no rock no início do século 21. Ela desviou das intenções ácidas dos homens trabalhando em uma indústria antes do movimento #MeToo. "Eu acho que, como qualquer mulher, houveram momentos desconfortáveis e inapropriados," ela diz - e ignorou os tubarões nas redes sociais deixando o celular de lado com a atitude de que "não é real, não é como se fosse alguém de verdade na sua frente, gritando na sua cara". Da mesma forma, pouca atenção foi dada àqueles que acreditavam que ela fosse uma "MAQ" - 'Modelo, Atriz, Qualquer Coisa/Que seja' - que tinha a música como novo hobbie, mas não tinha nada para falar.
"Eu me senti mal no começo, quando não havia como começar do zero e as pessoas já tinham uma ideia sobre mim", ela lembra. "Aquilo foi algo que eu tive que superar, e no começo foi frustrante às vezes. Mas a forma como superei foi não dizer as pessoas repetidamente que eu era real e que aquela é quem eu sou. Eles não escutam isso, eles apenas ouvem você pregando. Ao invés disso, eu apenas fiz."
Foi uma sensação incrível como artista", diz ela, "ver que eu realmente estava conectado com as pessoas".
Mais do que tudo, Taylor Momsen virou o jogo. Imbuída de uma ética de trabalho de quem começou a modelar aos dois anos de idade. "Isso me ensinou o quanto trabalho e sacrifício é necessário para seguir uma carreira em qualquer uma das artes", diz ela. Ela levaria a The Pretty Reckless para estrada por meses a fio sem olhar para trás. Se não fosse pelo pequeno problema de uma pandemia planetária, neste verão ela estaria dividindo palcos com o Guns N 'Roses e Pearl Jam.
"Sou uma completa viciada em trabalho”, diz ela. "Mas é tudo música, para que não pareça trabalho. Antes de falar com você, estava tocando meu violão e voltarei a tocá-lo assim que terminarmos. Essa é a sorte deste trabalho, e eu estaria fazendo mesmo se nao fosse trabalho. A linha que separa o trabalho por prazer já se foi. É inexistente."
O que é bom também. Por meio de uma quantidade de talento e uma dupla dedicação, ao longo de três álbuns de sucesso, The Pretty Reckless conseguiu o feito invejável de prosperar em uma era de vendas de música em declínio. Melhor ainda, esse sucesso foi obtido com uma dose atrativa de vitalidade e glamour, e qualidade de uma boa velha estrela, na forma de Taylor Momsen. Quando o planeta finalmente decidir tirar o dedo do botão de pausa, ela estará lá, esperando e pronta, com um sorriso que diz: "Ótimo, planeta, eu aceito".
"Se eu vou ser famosa, quero ser famosa pela música que faço", diz ela. "Quero ser famosa por algo que trabalhei muito para criar. Não quero ser famosa por ser famosa. Quero que as músicas sejam mais famosas do que eu. Quero que as pessoas reconheçam a música sem necessariamente saber que ela é cantada por mim. Meu objetivo não é ser famosa como eu mesma, mas ter músicas que vivam ao longo do tempo".
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