Entrevista de Taylor Momsen para a Louder Magazine

Entrevista de Taylor Momsen para a Louder Magazine


Taylor Momsen
deu uma entrevista honesta para a revista Louder falando sobre todos os momentos difĂ­ceis de sua vida nos Ășltimos anos e como isso refletiu no novo ĂĄlbum, Death by Rock and Roll. AlĂ©m de falar sobre o sexismo no mundo do rock, Amy Lee e mais. Leia a entrevista completa abaixo:

Acha que conhece Taylor Momsen? Pense de novo. ApĂłs anos de turbulĂȘncia pessoal e busca pela alma, a cantora da The Pretty Reckless estĂĄ de volta com um novo ĂĄlbum e uma nova perspectiva de vida.

Na capa do prĂłximo ĂĄlbum da The Pretty Reckless, Death by Rock and Roll, a vocalista Taylor Momsen estĂĄ nua sobre um tĂșmulo. Cabelos brancos flutuando abaixo dela, mas se foram os olhos de guaxinim com contorno de delineador. Em vez disso, Ă© uma imagem despojada de volta, que irradia vulnerabilidade em vez de sua provocação usual.

Fotografada por Danny Hastings, que tambĂ©m foi responsĂĄvel pela capa mais provocante do ĂĄlbum "Going To Hell" de 2013, Momsen tem orgulho do que a foto comunica. “É uma fotografia intocĂĄvel”, diz ela a Louder por telefone de sua casa em Maine.

"Essa era minha intenção, tentar mostrar total pureza e me despir. Eu queria expressar que vocĂȘ veio a este mundo com nada alĂ©m de sua alma e isso Ă© tudo com que vocĂȘ sai tambĂ©m". Ela faz uma pausa: "Estou muito orgulhosa disso, para ser honesta".

Essa vulnerabilidade parece ser algo com que Momsen estĂĄ começando a se sentir confortĂĄvel depois de uma vida inteira sob os holofotes. Agora com apenas 27 anos, ela começou uma carreira de modelo com apenas dois anos. Mais tarde, ela ficou conhecida como Jenny Humphrey, a personagem de Gossip Girl que o pĂșblico adorava odiar, antes de partir para se concentrar em sua carreira musical, formando a The Pretty Reckless e lançando seu primeiro ĂĄlbum em 2010. Ela deve estar exausta, a propĂłsito. “NĂŁo sei se me sinto mais velha ou mais nova”, responde ela. “Passei por tantas experiĂȘncias. Eu sinto que jĂĄ vivi um bilhĂŁo de vidas. Alguns dias, sinto que tenho 2 anos e Ă s vezes 107. Depende do dia".

Falando com cuidado, mas livremente, as respostas de Momsen sĂŁo salpicadas de pequenas risadas tĂ­midas. Ela passou os Ășltimos meses trancada, deixando para filmar um videoclipe para o single “25” apenas recentemente. “Sinto que tenho lidado com isso relativamente bem, mas certamente tive meus momentos. Acho que todo mundo tem seus pontos de ruptura. É muita coisa! Foi um ano realmente fodido!” Ela faz uma pausa, antes de encontrar seu caminho para o lado positivo. “Acho que este Ă© um momento realmente humanizador". 

"O estilo de vida de cada pessoa Ă© diferente, de onde vocĂȘ vem e como estĂĄ lidando com a situação Ă© diferente, mas ainda estamos essencialmente no mesmo espaço e ponto no tempo juntos."

A paz na voz de Momsen foi conquistada com dificuldade depois de alguns anos dolorosos para ela e sua banda. O primeiro golpe veio em 2017, quando a The Pretty Reckless conseguiu uma vaga para abrir os shows de seu herĂłi de infĂąncia Chris Cornell. Ele morreu por suicĂ­dio na turnĂȘ, abalando Momsen atĂ© o Ăąmago: "Depois nĂłs estĂĄvamos naquela turnĂȘ com o Soundgarden tocando no Ășltimo show - e quando acordei com a notĂ­cia na manhĂŁ seguinte, fiquei  mais que devastada. Ainda nĂŁo tenho palavras para expressar como isso foi esmagador. Eu nĂŁo soube lidar com isso. Eu nĂŁo estava em um bom momento para estar em pĂșblico. EntĂŁo eu me afastei dos olhos do pĂșblico. Eu cancelei tudo. Eu precisava ir para casa e refletir sobre o que havia acontecido”.

Ela caiu em um buraco profundo, espiralando e cancelando todos os shows futuros. Em 2018, sentindo-se pronta para reconstruir sua vida, a banda começou a conversar com seu amigo e produtor de longa data Kato Khandwala sobre o prĂłximo passo. Assim que se recuperaram, eles receberam outro telefonema trĂĄgico: “Ele morreu em um acidente de motocicleta. Essa foi a porra do prego no meu caixĂŁo, eu acho, por falta de um termo melhor".

“Eu simplesmente fui tĂŁo, tĂŁo baixo neste buraco da depressĂŁo e abuso de substĂąncias. Eu estava um desastre e nĂŁo sabia como sair daquilo, nĂŁo sabia se ia sair daquilo. Eu nĂŁo me importava mais. Eu meio que desisti de tudo. Eu estava tipo: 'eu nem sei se quero fazer alguma coisa de novo'”.

Eventualmente, Momsen teve que tomar uma decisĂŁo: “Ou era a morte ou seguir em frente. Felizmente, escolhi seguir em frente, mas foi difĂ­cil por um tempo”. Ela Ă© franca sobre o 
quanto ela lutou: “Eu nĂŁo estava bem. Voltei para a mĂșsica porque era a Ășnica coisa que sei fazer. É a Ășnica coisa em toda a minha vida que sempre esteve lĂĄ e me apoiou. Comecei a ouvir os discos que amo e comecei tudo do inĂ­cio novamente”. Ela sentou-se para escrever, descobrindo que nĂŁo custava nada - "Death By Rock And Roll" jorrou dela, em parte inspirada por Kato.

O ĂĄlbum tem o nome de uma mĂșsica, o primeiro single, que Kato sugeriu hĂĄ dez anos: “Ele disse 'escreva uma mĂșsica chamada Death By Rock and Roll' e nĂłs começamos e nunca terminamos, nĂŁo deu em nada. Quando ele faleceu, tornou-se muito relevante novamente, e entĂŁo terminamos”.

A mĂșsica começa com seus passos caminhando pelo corredor. Ela insiste que nĂŁo Ă© mĂłrbido, e sim uma homenagem, um grito de batalha otimista: "Eu tenho uma vida e vou vivĂȘ-la do jeito que eu quiser".

A banda se perguntou se eles poderiam trabalhar sem Kato: “O buraco e a perda foram tĂŁo grandes”. Eles escolheram entĂŁo encontrar um espĂ­rito amigo no produtor Jonathan Wyman. “Ele Ă© a alma mais doce e gentil do planeta, um grande engenheiro e produtor, um amigo incrĂ­vel. NĂłs ligamos para ele e fizemos o ĂĄlbum em Maine”, ela diz, acrescentando que foi o primeiro ĂĄlbum que ela e seu colega de banda Ben co-produziram. “Ele nos permitiu ser os destroços de trem que Ă©ramos na Ă©poca e nos deixou passar por toda a gama de nossas emoçÔes. Ele foi muito solidĂĄrio durante todo o processo. Ele realmente nos ajudou a realizar algo." 

O ĂĄlbum em si Ă© um clĂĄssico da The Pretty Reckless: grandes guitarras, influĂȘncias do rock and roll old school, com toques de jukebox americana. Mas hĂĄ algo diferente tambĂ©m, e talvez seja a sensação de "renascimento completo" que ela queria imbuir. No meio, hĂĄ um ponto de viragem, com toques pessoais mais vulnerĂĄveis. Em "25", Momsen canta com todo fĂŽlego sobre sua descrença eomchegar tĂŁo longe: "e durante toda a minha adolescĂȘncia, gritei que poderia nĂŁo viver muito depois dos 21, 22, 23, 24".

É uma declaração honesta: “Gravamos quando eu fiz 25 anos. É muito mais uma mĂșsica autobiogrĂĄfica minha, refletindo sobre minha vida e tentando colocar isso na mĂșsica de alguma forma. Estou muito orgulhosa dessa mĂșsica. Estou orgulhosa de todo o ĂĄlbum, mas acho que essa mĂșsica foi uma mudança na minha escrita”. Ela chama "25" de o primeiro "trampolim para essa luz".

Esses momentos de ternura e reflexĂŁo sĂŁo embrulhados, Ă© claro, de muito rock and roll na sua cara que Taylor Momsen sempre amou. CĂ­nicos e crĂ­ticos questionaram sua autenticidade e a de The Pretty Reckless. Mas hĂĄ dez anos em sua carreira musical, Ă© muito claro que o rock corre em suas veias. Ela Ă© inapropriada e obsessiva, percorrendo a histĂłria do rock and roll dos anos 60 aos anos 90, e desculpando-se envergonhada quando nĂŁo ouviu falar de um artista mais novo que mencionei. “Eu nĂŁo presto atenção em coisas novas. É ruim, eu deveria”, ela ri. Ela faz referĂȘncia Ă  mĂșsica com uma facilidade que sĂł chega a um verdadeiro nerd, entusiasmado com o rock: “É corajoso e mais legal do que todo o resto. Se vocĂȘ nĂŁo tem medo disso, vocĂȘ encontra o aspecto libertador disso. Nada supera isso”. Acredite em suas palavras, Death by Rock and Roll Ă© cheio de guitarras pesadas e vocais estridentes. Uma verdadeira catarse.

Nos Ășltimos dois anos, Momsen sente que se passaram dez anos. “Eles foram extraordinariamente difĂ­ceis. Ao ponto de eu nĂŁo ter certeza se conseguiria passar por eles. Acho que nĂŁo hĂĄ como passar por essa tragĂ©dia e trauma e nĂŁo se modificar, se vocĂȘ passar por isso, pode nĂŁo virar uma pessoa diferente, mas pelo menos ter uma nova perspectiva”, ela me diz. Sua luta com sua saĂșde mental Ă© contĂ­nua, mas ela aprendeu a administrĂĄ-la: "Se vocĂȘ nĂŁo cuidar disso, Ă© muito fĂĄcil pegar o caminho errado e pode ser difĂ­cil voltar atrĂĄs".

Ela descobriu que a mĂșsica tem sido sua pedra fundamental, mantendo-a com os pĂ©s no chĂŁo: "Eu posso ouvir mĂșsica e isso me traz de volta, quase como meditação. Isso me traz Ă  realidade e me leva embora dela completamente tambĂ©m".

Momsen fica reflexiva, avaliando os pensamentos que ela manteu por muito tempo. Começando sua carreira musical como uma garota de 17 anos, ela frequentemente ficava indignada com a ideia de que a misoginia afetava suas possibilidades. Com o tempo, porĂ©m, ela reconsiderou: "Eu estava em negação por tanto tempo sobre o sexismo, mas Ă  medida que fui ficando mais velha, percebi que ele existe. A misoginia Ă© uma coisa real, e Ă© uma pena que seja, mas Ă©. HĂĄ um monte de merdas na vida, mas temos que lidar com elas e, com sorte, progrediremos como sociedade e isso se tornarĂĄ um tĂłpico que nunca mais teremos que discutir”.

“Eu reconheci mais Ă  medida que envelheci que existe um 'clube dos meninos' quando se trata de rock and roll. E Ă© uma luta entrar nele e ser aceita e tratada com o mesmo respeito que um homem". 

Recentemente, Momsen apareceu em “Use My Voice” do Evanescence, uma mĂșsica que Amy Lee escreveu inspirada pela vĂ­tima de assalto Chanel Miller. Momsen Ă© aberta em sua adoração por Lee, que levou The Pretty Reckless em sua primeira grande turnĂȘ, me dizendo que a perspectiva de Amy sobre a misoginia no rock Ă© muito "mais desenvolvida" do que a dela. “Eu amo a Amy, ela Ă© uma pessoa muito gentil e tĂŁo talentosa. Realmente aprendemos muito com essa experiĂȘncia de muitas maneiras. Eu tenho o maior respeito por ela, eu a amo”. Ela acrescenta que foi impactada ao ver o Evanescence quando tinha apenas nove anos: “Foi muito legal ter aquela nossa primeira turnĂȘ de verdade, de repente eu estava abrindo para uma banda que eu tinha ido ver com meu pai. Foi um cĂ­clo muito completo."

Compreensivelmente, depois de uma vida inteira nos holofotes, Momsen Ă s vezes fica reticente em responder a certas perguntas, ciente de como as coisas podem ficar distorcidas. Ela evita a internet: "talvez seja por causa de como eu cresci, mas pode se tornar muito tĂłxica bem rapidamente". Mas ela se entrega a perguntas mais irritantes com paciĂȘncia e graça. Eu pergunto a ela se a frase "Jenny morreu de suicĂ­dio" em Death by Rock and Roll Ă© uma referĂȘncia maliciosa Ă  sua personagem de Gossip Girl, Jenny Humphrey e ela ri: "Vou deixar isso para a interpretação do ouvinte".

No entanto, ela estĂĄ disposta a explicar, com muito mais profundidade, por que pensa assim: "Eu acho que Ă© injusto para o ouvinte quando o artista explica as coisas diretamente, acho que isso tira a magia".

“Depois de lançar a mĂșsica para o mundo, Ă© muito emocionante, mas por outro lado, Ă© quase triste. O corpo do trabalho que vocĂȘ tem trabalhado como escravo Ă© tĂŁo precioso e tĂŁoseu, tĂŁo Ă­ntimo e, de repente, nĂŁo pertence mais a vocĂȘ. Pertence a todos”, ela faz uma pausa, “Eu acho que essa Ă© a beleza da mĂșsica, mas Ă© uma coisa estranha porque nĂŁo importa o que a mĂșsica significa para mim, importa como ela se conecta a vocĂȘ e como quer que vocĂȘ se relacione com ela". Ela diz que ouvir Roger Waters elaborando e explicando as letras do Pink Floyd que antes significava muito para ela, tirou a magia de uma mĂșsica: "Desde entĂŁo, tenho sido muito cautelosa para nĂŁo explicar demais. Realmente acho que Ă© injusto com o ouvinte. NĂŁo Ă© sobre mim, Ă© sobre vocĂȘ, Ă© sobre o pĂșblico". 

"Death by Rock and Roll" Ă©, ao contrĂĄrio do que parece, um compromisso com a vida. Depois de um ano relaxando em casa e trĂȘs anos tentando se recuperar de uma sucessĂŁo constante de golpes, Momsen estĂĄ ansiosa para voltar Ă  estrada e ver seus fĂŁs novamente. “Eu entro no palco todas as noites de frente para um pĂșblico que se preocupa e se conecta com as mĂșsicas que eu trabalhei como escrava e, hipoteticamente, os movo e dou a eles a experiĂȘncia de uma vida”, ela ri, chamando isso de “o melhor trabalho no planeta".

“Eu realmente sinto falta disso. NĂŁo hĂĄ nada igual, aquela emoção que vocĂȘ sente ao fazer um show, aquela adrenalina, aquela sensação. É a melhor droga do planeta. Sinto-me uma viciada e estou em abstinĂȘncia".

Os Ășltimos anos tiraram isso de Momsen, mas ela saiu do outro lado com paz e uma perspectiva enriquecida. Esse crescimento Ă© audĂ­vel enquanto ela fala, e Ă© tecido no decorrer do "Death By Rock and Roll".

“VocĂȘ nĂŁo consegue superar essa sensação de total renascimento”, ela me diz. Talvez pela 
primeira vez, ela nĂŁo parece ter 2 anos ou 107, mas 27 muito sĂĄbios.

Tradução: The Pretty Reckless Brasil.
Fonte: Louder

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